Translate

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Vacina da Universidade de Oxford em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) pode ser aplicada no Brasil




Parlamento estuda as possibilidades de combate ao Covid-19

O trabalho que a Universidade de Oxford vem desenvolvendo em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (FioCruz) do Brasil, pode trazer a aplicação da vacina já no início do ano que vem. Em reunião realizada dia 1 de julho na Comissão Externa em combate ao Coronavírus da Câmara dos Deputados, governo e instituições debateram a melhora maneira de viabilizarem a vacina.

O laboratório responsável pela transferência de tecnologia da Universidade de Oxford para a FioCruz é o AstraZeneca. O diretor executivo de relações Corporativas, regulatório e Acesso ao Mercado da AstraZeneca do Brasil, Jorge Mazzei, disse que os estudos estão em fase de conclusão para a aplicabilidade da vacina aqui. “Somos o laboratório que vem desenvolvendo inovação em fármacos no Brasil, em breve os testes serão feitos em humanos, no país”, explica.

Segundo Maria Ausgusta Bernardini, diretora Médica da AstraZeneca Brasil, o processo de desenvolvimento do vírus na Plataforma desenvolvida pela Universidade de Oxford para se chegar a resultados promissores da vacina, têm várias etapas. “Descobrimos a AZD1222, que é um adenovírus que foi modificado geneticamente pra não se replicar, que atua diretamente na aplicação da proteína spaiker SAKER COV-2 que é quem faz o primeiro contato com o COVID-19, filtrando informações do vírus, antes de ele entrar no organismo. 

Segundo ela, a plataforma de estudo da Universidade de Oxford, que faz esse estudo de triagem, vem trabalhando nisso há bastante tempo com outros vírus, como o Influenza. Ela disse ainda que na síndrome respiratória que houve no Oriente Médio foram obtido resultados positivos acerca desse sistema de avaliação. “As células responderam tanto ao sistema Imunológico como quanto o organismo”.

Bernardini disse que desde abril deste ano, testes estão sendo feitos em pacientes voluntários. “Em Oxford, na Inglaterra, desde abril, a Fundação Lemann e a Universidade de São paulo (Unifesp) vem apoiando o estudo. A interlocução que vem acontecendo entre os institutos de pesquisa, as universidades e a FioCruz com a Universidade de Oxford é muito importante para que possamos parar de perder vidas. A vacina vai ajudar a combater o número de mortes e assim, sucessivamente, a melhora da economia”, avalia.

Em resposta aos dirigentes, a presidente da Fiocruz, Nísia Lima, falou do importante trabalho que vem sendo feito, bem como as expectativas de esperança que eles têm na obtenção da vacina para a população. “As decisões do Governo Brasileiro são bastante pertinentes no momento. Fizemos as análises referente aos estudos juntamente com a Universidade de Oxford e Bio-Manguinhos e, pretendemos em breve fazer a transferência de tecnologia para a implantação da vacina, já agora no primeiro semestre de 2021, eu espero”, afirma.

Nísia Lima disse ainda que Bio-Manguinhos já exportou vacinas para mais de 70 países e que isso foi feito graças a Legislação aprovada no ano passado, 2019, no Congresso Nacional. “Ela nos permitiu fazer exportação para o exterior”, lembrou.

Bio-Manguinhos é o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) responsável por pesquisa, inovação, desenvolvimento tecnológico na produção de vacinas e fármacos.

O diretor executivo, Denis Mizne, da Fundação Lemann falou da importância do investimento no setor social que o Brasil ainda precisa desenvolver. “O esforço em conjunto com o trabalho que a ciência vem fazendo, tem sido muito importante para o país avançar,” acrescenta.

Em análise ao que foi dito, a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, disse que o hospital universitário da Universidade se organizou para receber os pacientes de COVID, bem como uma campanha de doações. “Temos mais de 580 leitos operacionais e cerca de 60% das enfermarias são para pacientes de coronavírus. Começamos com 35 e já estamos com 71”, diz.

Ministério da Saúde

A diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (DECIT/SCTIE/MS), do Ministério da Saúde, Camile Giaretta Sachetti, disse que a secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde vem apoiando o Sistema Único de Saúde (SUS) com projetos que visam o tratamento de vacinas no Brasil e acompanhamento de publicações científicas. “Queremos que o acesso às instituições seja rápido, sério e eficiente”, explica.

Segundo ela, o Ministério da Saúde possui um programa nacional de imunização, que desde a década de 70, trabalha com o intuito de imunizar a população com vacinas. “Temos uma expertise em aplicabilidade de vacinas e por isso, procuramos atender crianças e a população brasileira da melhor forma”.

O deputado Luiz Antônio Teixeira (PP-RJ), presidente da Comissão Externa em Combate ao COVID-19, perguntou como seria na prática a aplicação da vacina. “Como será a aplicabilidade das vacinas? Em frascos? Quantas doces? Como a gente iria imunizar as pessoas? Qual seria o prazo de distribuição, temperatura? Precisamos saber disso”, argumenta.

O deputado Miguel Lombardi (PL-SP), membro da Comissão de Seguridade Social e Família, falou que está otimista quanto a possível aplicabilidade da vacina.

Gustavo Mendes, representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), questionou as fases de pré-clínica, que são pontos importantes a serem observados antes de pensar em qualquer aplicabilidade. “Como está a segurança das pessoas que estão sendo voluntárias nesse momento? Quais as reações adversas? Riscos? E por quanto tempo esse individuo será imunizado?”, questiona Mendes.

Em contrapartida, o Embaixador Britânico no Brasil, Vijay Rangarahan, disse que o momento é difícil para o mundo todo e que o coronavírus é um desafio mundial. “A cooperação internacional é fundamental. O primeiro ministro Boris Johnson liberou uma parte da ajuda para que essa vacina continue em andamento. Nós acreditamos que o investimento que fazemos de milhões de libras à Oxford vai trazer bons resultados”, avalia.

O embaixador britânico acredita que a ciência é bastante importante no andamento dos estudos da vacina e listou a Unifesp. “Queremos fortalecer o laços com o Brasil e que será bastante importante nos próximos anos. O SUS e o Sistema de Saúde do Reino Unido se assemelham muito e com certeza esse não será somente o desafio que teremos no mundo”, diz.

O presidente da Comissão de Seguridade Social e Família, deputado Antônio Brito (PSD-BA), esteve presente junto com a relatora da Comissão Externa Carmen Zanotto (Cidadania-SC).

Repórter: Elô Bittencourt



Nenhum comentário:

Postar um comentário