quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Cannabis Sativa medicinal no SUS


Os medicamentos à base de Cannabis sativa existem, o Cannabidiol (R$2.550,00) e o Mevatyl  (R$ 2.857,00), já são comercializados para tratar pacientes com epilepsia refrataria, doença de parkinson e alzheimer

Já a utopia do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecer o medicamento é debate 

O PL 399 de 2015 da Câmara dos Deputados viabiliza a comercialização de medicamentos que contenham o extrato da Cannabis sativa


“Não é sobre drogas é sobre remédio - Não é sobre drogas é sobre salvar vidas” Frase das famílias de pacientes


No Brasil, desde 2006 a comercialização da Cannabis Sativa para uso medicinal e científico é legal, permitido. A Cannabis Sativa é o nome científico dado a folha da maconha como é conhecida a planta, popularmente. Em 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso da planta medicinal para o tratamento de doenças como epilepsia refrataria, doença de parkinson e alzheimer. No entanto, para exportar o medicamento da droga, a substância extraída dela, que é o Canabidiol, custa cerca de R$2.550,00. Já para a venda do remédio, medicamento, o Mevatyl, vendido com receita médica, o preço pode chegar a R$ 2.857,00. 


A lei 11.343 de 2006 fala da proibição das drogas como uso comercial. Porém, a Câmara dos Deputados fala sobre o PL 0399 de 2015 que trata da comercialização dos medicamentos que contêm extratos de Cannabis Sativa. Em debate, no dia 1º de setembro de 2020, com autores da área, especialistas, médicos e governo, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados falou sobre o assunto. 


Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT/SP), o estudo acerca do tema teve início na Colômbia e Uruguai, países que já vêm falando e defendendo o uso da planta na legislação. Para o parlamentar, sobretudo, o uso deve antes, ser testado e debatido, com as famílias dos doentes que precisam dos medicamentos. Já a autorização do cultivo pela Anvisa deve ser fornecida por ela, bem como o cultivo, pelo ministério da Agricultura. 


Ele explicou ainda que existem dois medicamentos na Farmácia e que para o SUS é difícil comercializar de maneira integral a droga. “As substâncias Canabidiol e THC, regulados adequadamente para cada paciente se mostram muito eficiente. Cada Canabidiol que é extraído da Cannabis é composto de maneira distinta ao paciente podendo chegar ao custo de R$2.500,00, explica”.


Funciona assim. O paciente precisa tratar a epilepsia hoje, por exemplo, retardar a evolução da doença. O que  ele deve fazer? Depois do médico diagnosticar a doença ele pode comercializar o canabidiol que é a substância da Cannabis Sativa que já é vendida e pode ser comercializada. Ela custa cerca de R$ 2.500,00. Já a outra maneira possível é por meio do medicamento, o Mevatyl, que esse sim você compra pronto, é mais caro, custa cerca de R$ 2.800,00 e deve ser também orientado por um médico, com receita médica. 


Ele disse também que no estado da Paraíba os medicamentos em doses homeopáticas já são feito por manipulação. “Crianças com epilepsia e convulsões contínuas tiveram suas doenças diminuídas, drasticamente, com o uso do medicamento. O uso da substância feita por receita médica é absolutamente possível”.


As famílias relataram que as doenças e o tratamento feito com o canabidiol combate as dores e controla o sofrimento do familiar. Em cerca de 1 hora de uso, alguns pacientes já estão melhor. Hoje, no mundo, mais de 13 milhões de pessoas têm alguma doença como epilepsia refrataria, doença de parkinson ou alzhaimer, que pode ser tratado com o uso do canabidiol. 


O deputado Luciano Ducci (PSB/PR) explica que as plantações e pesquisas feitas pelos Estados Unidos, Israel e Tailândia funcionam bem, embora tenham que ter o cultivo do uso supervisionado. “No Brasil, temos as Associações que fazem um papel brilhantes de auxiliar as famílias. A Associação Brasileira de Apoio a Cannabis e Esperança (ABRACE), Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis medicinal (AMA-ME) e a Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (APEPI), são algumas das que apoiam as famílias que precisam do uso do canabidiol”, esclarece o parlamentar.


No Estado da Paraíba, João Pessoa, o diretor da ABRACE, Cassiano Teixeira, disse que cerca de 8000 pacientes já receberam apoio em casos judiciais, acerca do uso do cannabidiol.


O ex-diretor da Anvisa, Willian Dib, garante que a legislação que existe hoje ampara muito bem as famílias que precisam do medicamento e que o PL 0399 de 2015 garantirá mais conforto também àquelas que precisam comercializar a Cannabis Sativa. “O presidente da Casa, Rodrigo Maia, tem interesse em aprovar o Projeto que vai, sem dúvida, poder atender e melhorar a vida de dezenas de famílias”, explica 


Assim como o governo, Maria Aparecida de Carvalho, mãe da Clara (criança que depende da droga) e Presidente da CULTIVE, defende o uso do medicamento e diz que a Cannabis sativa salvou a vida da filha. “O desempenho da minha filha melhorou muito. A saúde dela deu um salto enorme”, garante.  


Ainda sobre o teor eficiente que a Cannabis sativa oferece, o deputado distrital Rodrigo Del Masso, explica que há outra planta mais competente ainda, o Cânhamô. “O Cânhamo concentra muito mais cannabidional (CBD), que é o principio ativo que trata o paciente que está doente, do que a maconha. Ele é totalmente diferente e pode ser produzido e plantado por um custo bem menor. O Canabidiol extraído do Cânhamo é consumido na Itália e Portugal e o índice de THC é bem menor, explicou o distrital. 


Em São Paulo, o padre Ticão disse que a Igreja já está promovendo o 4º curso sobre a Cannabis medicinal. “Cerca de 5.500 pessoas já participaram do curso. Eu defendo a planta sagrada que salva a vida de famílias. A nossa pároca teve a epilepsia da filha diminuída com o óleo da cannabis, mas o Brasil ainda está muito atrasado no assunto. É um absurdo o preço de um medicamento a R$ 2.500 reais”.


O autor do documentário Ilegal, Tarso Araújo, disse que a política de drogas no país ainda é difícil. “Convencer a população sobre a importância de falarmos sobre o assunto que ainda é tabu pra muita gente não é fácil. As famílias que dependem de um medicamento que custa R$ 2.500 sofre muito com isso. A Cannabis é uma comódite muito antiga e sempre foi um excelente produto da agricultura brasileira. Eu apoio o cultivo por meio de associações aqui no Brasil”, defende o Tarso.


O médico Ricardo Ferreira que trabalha com pacientes de doenças crônicas a 20 anos disse que cerca de 10% dos pacientes, somente, respondem aos tratamentos convencionais. “Muitas vezes os pacientes não respondem ao canabidiol e por isso o THC é um aliado ao tratamento das dores. Os adenoides incluídos na Cannabis são muito importantes. A cannabis já é liberada no Brasil, porém seriam necessários à saúde hoje, investir o valor de R$ 21 bilhões para tratarmos os pacientes pelo SUS”, explica Ricardo Ferreira.


O médico mineiro Leandro Ramires, pai de Benício, de 7 anos, portador da doença rara, Síndrome de Dravet, batalha pelo tratamento do filho. “A sociedade ainda está muito longe de entender os benefícios do uso da Cannabis. O Brasil ainda não está pronto pra essa evolução. A Cannabis deve ser produzida aqui. Vamos tratar ciência como ciência. A planta está presenta na medicina desde 2000 antes de Cristo. Precisamos trabalhar o estigma do preconceito que a palavra “maconha” ainda tem como prejudicial na vida das pessoas”, avalia o médico.


Fonte: 

https://www.bulas.med.br/p/bulas-de-medicamentos/bula/1353408/mevatyl.htm  

 


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