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sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Se aprochegue



Fala, galerinha! E, aí como vai vocês?!

Olha, a palavra de hoje é pouco usual, mas de origem nordestina, mineira também talvez um pouco, e de um charme... É ela, na verdade ele, no infinitivo, o verbo: aprochegar.

"Se aprochegue e venha sentar-se conosco, com a gente. Venha menino e fique aqui junto de nós. Venha, sente aqui".

Esse jeito de falar na segunda pessoa do singular é bem característico do nordestino que usa a fala de forma cantada, como se fosse dar ênfase ao objeto, no caso, o menino, que é o sujeito da oração que forma a frase e a faz parecer meio que música. As combinações das sílabas com os fonemas geram uma certa harmonia, que acho parecer uma conjugação de símbolos misturados.

Segundo o Dicionário Houaiss, aprochegar vem de apro (ximar) + chegar, chegar bem perto, aproximar-se, achegar-se, abeirar-se, colar em alguém, como usamos informalmente (gíria).

É como se você desse destaque, insistisse em algo, reafirmasse, aquilo que já foi dito. Isso é bastante trivial nos diálogos do dia a dia.

No livro Grande Sertão Veredas do escritor romancista moderno, João Guimarães Rosa, é muito comum você encontrar referências da língua usada de maneira enfática àquilo que o autor deseja falar com intensidade, como na frase do livro que ele afirma: "O senhor saiba: em toda a minha vida pensei por mim, sou nascido diferente. Eu sou eu mesmo. Divirjo de todo o mundo". (Teve uma frase na prova do ENEM aplicada semana passada que eles usaram no caderno de prova essa frase "Eu sou eu mesmo), inclusive.

Na frase, ele fala para alguém, talvez Diadorim... Se bem que, acho que não, ele tinha um amor tão grande pela "amada" que pelo sentido da frase, contexto, contrário ao que parece, meio hostil, não, não era Diadorim, seu personagem favorito do livro, mas sim, talvez um sertanejo ou viajante que percorria o trecho do Sertão de Minas Gerais com ele, Rosa, a cavalo, desbravando as terras de lá.

Então, em referência ao que eu falei anteriormente: "Se aprochegue, venha sentar-se conosco. Venha menino tomar café, sente aqui, converge com a frase do livro que diz: "O senhor saiba que em toda a minha vida pensei por mim, sou nascido diferente. Eu sou eu mesmo. Divirjo de todo o mundo", portanto. No livro, ele enfatiza, intensifica a fala dando destaque ao verbo pensar que se dirige à alguém que está falando de si ou de outra pessoa.

Bom, por hoje é isso... Bom dia da Proclamação da República para todos.

Até!


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